quinta-feira, 4 de junho de 2015

GLOSSÁRIO (Conceitos e ideias-chaves – texto de Maria do Céu Roldão)




Função de ensinar – “[...] a especialidade de fazer aprender alguma coisa (a que chamamos currículo, seja de que natureza for aquilo que se quer ver aprendido) a alguém (o acto de ensinar só se actualiza nesta segunda transitividade corporizada no destinatário da acção, sob pena de ser inexistente ou gratuita a alegada acção de ensinar).” (ROLDÃO, 2005 p. 95).


Processo de mediação na função de ensinar“Saber produzir essa mediação não é um dom, embora alguns o tenham; não é uma técnica, embora requeira uma excelente operacionalização técnico-estratégica; não é uma vocação, embora alguns a possam sentir.” (ROLDÃO, 2007 p. 102). A ação docente requer conhecimentos específicos, exigentes e complexos.

Características dos conhecimentos específicos da profissão docente – Roldão (2007) afirma que um primeiro aspecto é sua natureza compósita, resultante da influência de saberes de várias naturezas que se transformam e recriam-se mutuamente, tais como os conhecimentos disciplinar, pedagógico, experiencial, curricular, contextual, cultural etc.


Componentes improvisativos e criadores no saber docente – Além de um rigoroso domínio de muito saber técnico (como fazer), o saber do(a) professor(a) exige também o domínio de componentes improvisativos e criadores frente ao contexto diário. Esse saber improvisativo e criador precisa dar-se em concomitância com análises e meta-análises que permitam criar sentidos e novas potencialidades para a ação.


Singularidade e imprevisibilidade no saber docente – O saber docente, pela singularidade e imprevisibilidade das situações cotidianas, requer questionamentos permanentes das ações práticas, dos conhecimentos e das experiências anteriores, possuindo uma natureza mobilizadora de saberes prévios e de capacidades cognitivas criativas.


Comunicabilidade e circulação do saber docente: teoria e prática – Finalmente, a construção de um conhecimento profissional docente implica comunicabilidade e circulação. Será talvez esta a dimensão que mais afasta, na realidade dominante das práticas actuais de ensino, os docentes da posse de um conhecimento profissional pleno, na medida em que a acentuação da representação da vertente prática do conhecimento docente tem sublinhado as componentes tácitas de conhecimento que de facto a integram. Mas sobre esse conhecimento tácito importa saber exercer, pela meta-análise referida, a desconstrução, desocultação e articulação necessárias à sua passagem a saber articulado e sistemático, passível de comunicação, transmissão, discussão na comunidade de pares e perante outros, sem o que o seu desenvolvimento resulta impossível ou diminuto, perdendo-se infindáveis energias e progressos relevantes do conhecimento produzido pelos docentes, por força desta limitação, muito forte na classe, e explicável entre outros factores, pelo praticismo que historicamente se associou à representação social do professor.” (ROLDÃO, 2007, p. 101).


"Aprende-se e exerce-se na prática, mas numa prática informada, alimentada por velho e novo conhecimento formal, investigada e discutida com os pares e com os supervisores – ou, desejavelmente, tudo isto numa prática colectiva de mútua supervisão e construção de saber inter pares." (ROLDÃO, 2005).

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