Função
de ensinar
– “[...] a especialidade de fazer aprender alguma coisa (a que
chamamos currículo, seja de que natureza for aquilo que se quer ver
aprendido) a alguém (o acto de ensinar só se actualiza nesta
segunda transitividade corporizada no destinatário da acção, sob
pena de ser inexistente ou gratuita a alegada acção de ensinar).”
(ROLDÃO, 2005 p. 95).
Processo
de mediação na função de ensinar
– “Saber
produzir essa mediação não é um dom, embora alguns o tenham; não
é uma técnica, embora requeira uma excelente operacionalização
técnico-estratégica; não é uma vocação, embora alguns a possam
sentir.” (ROLDÃO, 2007 p. 102). A ação docente requer
conhecimentos específicos, exigentes e complexos.
Características dos conhecimentos específicos da profissão
docente – Roldão (2007) afirma que um primeiro aspecto é
sua natureza compósita, resultante da influência de saberes de
várias naturezas que se transformam e recriam-se mutuamente, tais
como os conhecimentos disciplinar, pedagógico, experiencial,
curricular, contextual, cultural etc.
Componentes
improvisativos e criadores no saber docente – Além de um
rigoroso domínio de muito saber técnico (como fazer), o saber do(a)
professor(a) exige também o domínio de componentes improvisativos e
criadores frente ao contexto diário. Esse saber improvisativo e
criador precisa dar-se em concomitância com análises e
meta-análises que permitam criar sentidos e novas potencialidades
para a ação.
Singularidade
e imprevisibilidade no saber docente – O saber docente,
pela singularidade e imprevisibilidade das situações cotidianas,
requer questionamentos permanentes das ações práticas, dos
conhecimentos e das experiências anteriores, possuindo uma natureza
mobilizadora de saberes prévios e de capacidades cognitivas
criativas.
Comunicabilidade
e circulação do saber docente: teoria e prática –
Finalmente, a construção de um conhecimento profissional docente
implica comunicabilidade e circulação. Será talvez esta a dimensão
que mais afasta, na realidade dominante das práticas actuais de
ensino, os docentes da posse de um conhecimento profissional pleno,
na medida em que a acentuação da representação da vertente
prática do conhecimento docente tem sublinhado as componentes
tácitas de conhecimento que de facto a integram. Mas sobre esse
conhecimento tácito importa saber exercer, pela meta-análise
referida, a desconstrução, desocultação e articulação
necessárias à sua passagem a saber articulado e sistemático,
passível de comunicação, transmissão, discussão na comunidade de
pares e perante outros, sem o que o seu desenvolvimento resulta
impossível ou diminuto, perdendo-se infindáveis energias e
progressos relevantes do conhecimento produzido pelos docentes, por
força desta limitação, muito forte na classe, e explicável entre
outros factores, pelo praticismo que historicamente se associou à
representação social do professor.” (ROLDÃO, 2007, p. 101).
"Aprende-se
e exerce-se na prática, mas numa prática informada, alimentada por
velho e novo conhecimento formal, investigada e discutida com os
pares e com os supervisores – ou, desejavelmente, tudo isto numa
prática colectiva de mútua supervisão e construção de saber
inter pares."
(ROLDÃO, 2005).
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